RESUMO
Objetivo:
Avaliar as causas de glaucoma neovascular (GNV), bem como os fatores que influenciam seu prognóstico e o resultado do tratamento efetuado.
Métodos:
Estudou-se retrospectivamente um grupo de 38 pacientes com diagnóstico de GNV atendidos consecutivamente no setor de Glaucoma da UNICAMP entre setembro de 1996 e março de 1997.
Resultados:
A principal causa de GNV encontrada foi a retinopatia diabética proliferativa (RDP) em 18 pacientes (47,4%), seguida de oclusão da veia central da retina (OVCR) em 14 (36,8%). O único fator prognóstico positivamente correlacionado à acuidade visual final foi a acuidade visual inicial (p = 0,004). Não houve associação entre pressão intraocular (PIO) inicial e acuidade visual final, nem tampouco entre extensão de goniossinéquias e acuidade visual final (p > 0,05). Entre os 38 pacientes, 8 (21,1%) foram submetidos a cirurgia, onde observamos uma diminuição significativa da PIO de 39,75 ±10,99 mmHg para 21,88 ± 12,14 mmHg (p = 0,01), 5 (13,1%) obtiveram redução da PIO de 31,4 ± 7,4 mmHg para 16,0 ±4,6 mmHg graças a tratamento clínico da PIO (medicação anti-glaucomatosa + ablação retiniana) (p = 0,01). Os demais 25 pacientes (65,8%) não apresentavam prognóstico visual suficiente que justificasse cirurgia (acuidade visual menor ou igual a percepção luminosa). Ao final do período de seguimento, 71,1% dos pacientes apresentaram acuidade visual pior ou igual à percepção luminosa.
Conclusão:
O GNV mostrou ser moléstia de difícil controle terapêutico e com prognóstico visual ruim. Na tentativa de minimizar esta evolução desfavorável, propusemos um fluxograma de abordagem do paciente com GNV.
Palavras-chave:
Glaucoma neovascular; Fotocoagulação; Gonioscopia; Pressão intraocular