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Infecção pelo vírus da hepatite c em pacientes em hemodiálise: prevalência e fatores de risco

CONTEXTO: Doentes com doença renal crônica em tratamento hemodialítico apresentam risco aumentado de aquisição do vírus da hepatite C (VHC). Elevadas taxas de prevalência têm sido detectadas em unidades de diálise do mundo inteiro. Estudos recentes têm demonstrado que a infecção pelo VHC interfere de forma negativa na sobrevida dos pacientes em hemodiálise e naqueles submetidos ao transplante renal. OBJETIVOS: Determinar a prevalência e os fatores de risco da infecção pelo VHC em pacientes submetidos a hemodiálise. MÉTODOS: Realizou-se estudo transversal entre janeiro e dezembro de 2007. Neste período, 236 pacientes em hemodiálise foram testados pelo ELISA de terceira geração. Os casos positivos foram submetidos a pesquisa qualitativa do HCV-RNA pelo método de PCR. Consideraram-se como portadores de infecção pelo VHC aqueles pacientes com anti-VHC e HCV-RNA positivos. Dosagens mensais de ALT e a média do valor de 12 meses foram obtidas em 195 pacientes. Do total de pacientes, 208 (88,1%) responderam ao questionário padronizado visando a identificação de fatores de risco associados à infecção pelo VHC. RESULTADOS: A prevalência de pacientes anti-VHC positivos encontrada entre os 236 testados foi de 14,8% (35/236); destes, a pesquisa do HCV-RNA foi positiva em 71,6% (25/35). Portanto, a prevalência da infecção crônica pelo VHC foi de 10,6% (25/236) dos pacientes. Pela análise bivariada, os principais fatores de risco associados à infecção pelo VHC foram o tempo de hemodiálise, o número de transfusões de sangue, a realização prévia de diálise peritonial e história de doença sexualmente transmissível. Contudo, após análise multivariada, somente o tempo de hemodiálise e história de doença sexualmente transmissível foram significativamente associados à infecção pelo VHC. Pacientes com mais de 10 anos de hemodiálise apresentaram risco de aquisição do VHC 73,9 (IC de 17,5 a 311,8) vezes maior quando comparados a pacientes com até 5 anos de tratamento. Indivíduos com doença sexualmente transmissível prévia apresentaram risco 4,8 (IC de 1,1 a 19,9) vezes superior de contaminação pelo VHC quando comparados àqueles sem doença sexualmente transmissível. O valor médio da ALT foi significantemente maior nos pacientes infectados pelo VHC (44,0 ± 13,5 U/L versus 33,5 ± 8,0 U/L, P<0,001). CONCLUSÃO: A infecção pelo VHC apresentou elevada prevalência na unidade de diálise analisada. O tempo de tratamento dialítico e história prévia de doença sexualmente transmissível foram os principais fatores de risco associados à infecção pelo VHC. Indivíduos em hemodiálise com infecção crônica pelo VHC apresentaram maior atividade de ALT que pacientes sem hepatite C crônica.

Hepatite C; Diálise renal; Estudos transversais; Fatores de risco


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