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Contribuição anátomo-clínica às atuais concepções sôbre a epilepsia

O estudo, do ponto de vista anatômico, de 150 encéfalos de indivíduos portadores de epilepsia essencial, permitiu observar alterações que foram consideradas como peculiares a essa doença. O encéfalo, ao exame externo, mostrou, na maioria dos casos, uma assimetria cruzada cérebro-cerebelar. No cérebro, a atrofia é mais nítida nos lobos frontais e temporais, limitando-se muitas vêzes aos polos temporais. Idêntica assimetria, foi encontrada, algumas vêzes, no estojo ósseo craniano. Em todos os casos examinados, foram encontradas alterações nos cornos de Ammon; na maioria das vêzes havia atrofia unilateral, sempre no lado correspondente ao hemisfério menor. No lado onde o côrno de Ammon se apresenta hipoplástico, foi verificado menor desenvolvimento dos pilares do trígono cerebral, do corpo mamilar, do feixe de Vicq d'Azyr e do tálamo, principalmente do seu núcleo anterior. Freqüentemente foram encontrados aneurismas cirsóides e dilatação da cavidade do septum pelucidum. Êstes achados permitem concluir ser a epilepsia a conseqüência de uma alteração do desenvolvimento cerebral. A hipoplasia e a gliose do côrno de Ammon, fazem parte de um quadro anatômico mais geral que é a abiotrofia de um hemisfério cerebral ou de parte dêle. Na epilepsia existe um desequilíbrio anatômico e, portanto, funcional, entre os dois hemisférios cerebrais ou de parte dêles, predominando geralmente tal desequilíbrio entre as formações rinencefálicas. O desencadear da crise epiléptica seria explicado por uma descarga paliocortical ou dos núcleos arquiencefálicos dêle dependentes, produzindo, em conseqüência, a inibição do neocórtex e a liberação dos centros inferiores.


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