Acessibilidade / Reportar erro

Afecções cirúrgicas intracranianas na infância e adolescência. Análise de 103 casos. I: distribuição em relação à idade, sede e natureza

Quanto à natureza (quadros 1 e 2) - 1) A classificação histológica traz em si fatores de êrro devido à existência, na mesma peça, de zonas de constituição celular diferente, e à diversa orientação seguida pelos patologistas. 2) Os gliomas constituem o grupo dominante, sendo que: a. o glioblastoma, tumor próprio da idade adulta, apareceu tanto em situação supratentorial como infratentorial ; b. o astrocitoma foi dominante no hemisfério cerebelar; c. o meduloblastoma apareceu como lesão de fossa posterior, nem sempre na linha média e excepcionalmente como lesão de hemisfério cerebral; d. o ependimoma só apareceu no 4º ventrículo, não aparecendo no hemisfério cerebral, como mostrou Tõnnis (temos um caso de neuroepitelioma de hemisfério cerebral que alguns patologistas classificam como ependimoma) ; e. os papilomas foram os tumores intraventriculares. 3) Os meningeomas foram raros em nosso material. 4) 0 neurinoma foi excepcional. 5) Nos tumores da região hipofisária, não tivemos casos de adenoma, mas apenas craniofaringeomas e gliomas do nervo óptico. 6) 0 hemangioblastoma, de freqüência desusada em nosso material geral, requerendo mesmo revisão de estudo histológico, não foi dominante nas duas primeiras décadas da vida. 7) Dos tumores malignos de início clínico no sistema nervoso dominou o reticulossarcoma. 8) Das afec-ções cirúrgicas não tumorais apareceram de preferência os hematomas, os abscessos e a cisticercose (em relação à cisticercose devemos dizer que foram relacionados apenas os casos verificados cirùrgicamente). Os tuberculomas foram raríssimos. O aneurisma arteriovenoso, lesão que começa com sintomas no início da 2ª década, é diagnosticado geralmente mais tarde. Em nosso material alguns casos apareceram após a análise deste grupo. Quanto à sede (quadro 3) - 1) Em conjunto, não houve dominância nítida das lesões infratentoriais sobre as supratentoriais, como é clássico na literatura médica. 2) Em relação ao grupo dos gliomas, a dominancia infratentorial foi evidente. 3) Nos infratentoriais dominaram, como tipo maligno, o meduloblastoma e, como benigno, o astrocitoma. 4) O astrocitoma foi dominante nos hemisférios cerebelares, enquanto o meduloblas- toma apareceu tanto na linha média como nos hemisférios cerebelares. 5) Na região hipofisária (optoquiasmálica) dominaram os craniofaringeomas e apareceram os gliomas do nervo óptico, não se registrando casos de adenoma. Como conclusões gerais: 1) A correlação dos fatôres idade, sede e natureza fornece elementos para o diagnóstico e prognóstico dos casos de afecções cirúrgicas intracranianas; 2) Em nosso material não houve a clássica dominancia das lesões infratentoriais sobre as supratentoriais, mas as demais distribuições de sede e natureza estão de acôrdo com os dados da literatura médica; 3) O meduloblastoma tanto apareceu nos hemisférios cerebelares como na linha média, sua sede preferencial de acôrdo com a literatura.


Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org