Entre os pacientes internados, por traumatismos cranianos, no Pronto Socorro de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, de 1954 a 1957, foram selecionados três, nos quais a evolução ulterior infirmou o diagnóstico inicial de hematoma extra ou subdural. O aparecimento, algum tempo após o traumatismo, de sinais focais e de hipertensão intracraniana sugeriu a existência de hematoma intracraniano provavelmente subdural, sendo então indicada a realização, com urgência, de uma angiografia cerebral por via carotídea. Em todos os casos foram evidenciados desvios da artéria cerebral anterior, não havendo elementos para o diagnóstico da natureza do processo expansivo. Em dois casos foram feitas pneumografias que mostraram desvios do sistema ventricular e electrencefalogramas que mostraram depressão da atividade elétrica no hemisfério homolateral ao traumatismo. Exames radiológicos sucessivos mostraram diminuição progressiva, até a desaparição, dos desvios arteriais; um dos pacientes foi submetido a trepanação exploradora que mostrou apenas edema cerebral. Medicação visando combater o edema cerebral determinou melhora acentuada dos quadros clínicos. A finalidade do trabalho é de apresentar um quadro raramente descrito como complicação de traumatismos crânio-encefálicos e tecer comentários a respeito das dificuldades do diagnóstico diferencial com o hematoma subdural.