Em 16 pacientes com afecções do sistema nervoso em que a etiologia a vírus não pôde ser excluída clínica ou laboratorialmente, foi feita a pesquisa de enterovirus nas fezes (3 casos), no LCR (5 casos) ou nas fezes e no LCR (8 casos). Não foram isolados enterovirus a partir das amostras de LCR. A partir das fezes foram isolados vírus em um caso de encefalite (vírus Coxsackie A-1), em um caso de meningencefalite (vírus Coxsackie A-1 e poliomielite tipo 3) e em um caso de meningomielite em que predominavam sinais de comprometimento do côrno anterior da medula (vírus poliomielite tipo 3). Como o paciente com meningencefalite apresentava um ano de idade e anteriormente ao início da doença recebera vacina Sabin, não se pôde excluir que nesse caso o poliovírus isolado esteja relacionado com a vacinação. Nos dois pacientes em que foi isolado vírus Coxsackie não foi possível fazer estudo da presença de anticorpos neutralizantes no sôro respectivo. Êste fato leva a que não seja possível concluir quanto à correlação existente entre a presença do vírus nas fezes e a etiologia do quadro neurológico dos pacientes. Apenas no paciente com meningomielite em cujas fezes foi isolado vírus poliomielite tipo 3 e em cujo sangue o título de anticorpos neutralizantes dêsse vírus era elevado foi possível relacionar, com maior segurança, o vírus isolado à etiologia do processo neurológico. Êsses dados representam orientação quanto a estudos futuros, permitindo sugerir que o estudo virológico deva ser feito precocemente e incluir o estudo concomitante de anticorpos neutralizantes no sôro. Por outro lado, o isolamento dos enterovirus referidos sugere que os estudos devam ser ampliados em nosso meio nesse sentido, incluindo também a pesquisa de outros tipos de vírus.