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Gradiente ventriculo-lombar de concentração das proteínas totais do líquido cefalorraquiano: 2 - Influência da drenagem do LCR pela derivação ventrículo-atrial

Cerebrospinal fluid protein concentration gradient: 2 - Effect of the ventriculoatrial shunt

Em trabalho anterior, baseado no estudo comparativo do LCR cisternal e lombar de pacientes com neurocisticercose em atividade, com permeabilidade normal ou com bloqueio do espaço subaracnóideo espinhal, foi apresentada evidência de que o gradiente de concentração das proteínas ao longo do neuro-eixo tem sua origem na saída seletiva de água. Em prosseguimento a esse estudo foi feito este segundo trabalho apoiado nas observações de 11 pacientes com neurocisticercose, que apresentaram no decurso de sua doença hipertensão endocraniana grave que exigiu a derivação ventrículo-atrial do LCR para permitir a sobrevivência. Após a intervenção cirúrgica, foi observada uma melhoria surpreendente do quadro clínico. O exame do LCR lombar revelou aumento da taxa das proteínas totais na maioria dos pacientes, verificando-se valores muito elevados, quando comparados estes resultados com aqueles existentes antes da derivação ventrículo-atrial. Entretanto, neste segundo exame foi observada atenuação da reação inflamatória, revelada pela melhoria da modificação citológica. Este acréscimo da concentração das proteínas totais resultou muito provavelmente da menor movimentação do LCR no espaço subaracnóideo, como consequência do desvio para o sangue de grande parte do LCR produzido. A diminuição da intensidade da resposta imunitária e da reação inflamatória do sistema nervoso central, avaliada pelo exame de LCR feito depois da cirurgia, indica que a drenagem ventricular e a conseqüente normalização da pressão endocraniana permitiram uma melhoria evidente das condições encefálicas. Uma pesquisa bibliográfica especializada não revelou ter sido assinalada esta ocorrência de um acentuado aumento da taxa das proteínas totais no LCR subaracnóideo após a derivação ventrículo-atrial ou peritoneal, quer em pacientes com neurocisticercose, quer em pacientes com outros processos não tumorais que evoluem para o bloqueio do quarto ventrículo ou cisternas da base.


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