Objetivo: determinar a secreção de TSH em crianças com síndrome de Down, sem quadro clínico-laboratorial clássico de hipotireoidismo. Métodos: analisou-se 14 crianças com síndrome de Down e idade média de 3,4 (±1,8) anos. Excluiu-se pacientes com sintomas clássicos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo, ou que apresentassem anticorpos antitireóide positivos. Os pacientes foram comparados a um grupo controle de 16 pacientes com idade média de 11,8 (±3,8) anos e diagnóstico de baixa estatura familial ou atraso constitucional do crescimento. Foram determinadas as concentrações de TSH, T3, T4, T4L e prolactina no tempo basal e após estímulo com TRH. Pacientes com síndrome de Down, subdivididos quanto ao TSH basal, foram comparados em relação às concentrações basais de T3, T4, T4L e prolactina. Resultados: os valores basais de TSH e de prolactina foram significativamente maiores no grupo com síndrome de Down. Após estímulo com TRH, o pico de TSH foi maior no grupo com síndrome de Down. Tanto o número de pacientes com TSH basal > 5 µU/ml, quanto o número dos que apresentaram hiper-resposta ao estímulo com TRH (pico de TSH > 30 µU/ml), foi maior no grupo com síndrome de Down. Conclusões: freqüentemente, crianças portadoras de síndrome de Down apresentam elevação do TSH basal, mesmo na presença de valores basais normais de hormônios tireoidianos e anticorpos antitireóide negativos. A maioria dessas crianças (65%) apresenta hiper-resposta ao teste de estímulo com TRH. Nossos achados demonstram que nem todas as crianças com síndrome de Down e TSH elevado apresentam quadro clássico de hipotireoidismo, sugerindo nesses pacientes uma secreção anômala de TSH de origem hipotalâmica.
hipotireoidismo; síndrome de Down; TSH