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Distúrbio de coagulação em crianças e adolescentes com traumatismo cranioencefálico moderado e grave

OBJETIVOS: Descrever o perfil epidemiológico de crianças e adolescentes com traumatismo cranioencefálico moderado e grave internados em unidade de tratamento intensivo; descrever a freqüência de alterações na coagulação destes pacientes; determinar a relação entre a coagulopatia e a gravidade do trauma; analisar os fatores associados à coagulopatia; e verificar a influência da coagulopatia na mortalidade desses pacientes. MÉTODOS: Estudo transversal com 301 pacientes de até 16 anos internados em terapia intensiva devido a traumatismo cranioencefálico moderado e grave, compreendendo período de 5 anos. O perfil de coagulação foi associado com achados clínicos, epidemiológicos e tomográficos. Análises univariada e multivariada foram empregadas para verificar a associação entre presença de coagulopatia e mortalidade. RESULTADOS: A idade mínima foi de 23 dias, e a máxima, de 16 anos (média de 7,9 anos). Cerca de 77% dos pacientes apresentaram coagulopatia, cuja ocorrência esteve diretamente associada à gravidade do trauma, mas não ao aumento da mortalidade. Os fatores associados com a presença de coagulopatia foram: gravidade do traumatismo cranioencefálico (OR = 2,83; IC95% 1,58-5,07), diagnóstico de edema e ingurgitamento cerebral à tomografia computadorizada de crânio (OR = 2,11; IC95% 1,13-4,07) e ocorrência de trauma torácico e/ou abdominal (OR = 2,07; IC95% 1,11-4,00). Aproximadamente 35% dos pacientes morreram. Em análise multivariada, os fatores que se relacionaram ao aumento do risco de morrer foram: ocorrência de distúrbios de sódio (OR = 5,56; IC95% 2,90-10,65), hipotensão no centro de tratamento intensivo (OR = 12,58; IC95% 4,40-35,00) e síndrome do desconforto respiratório agudo (OR = 13,57; IC95% 1,51-121,66). CONCLUSÃO: O surgimento de coagulopatia é uma complicação freqüente nos pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico moderado e grave. Apesar de, neste estudo, não estar diretamente associada à ocorrência de óbito, pode ser considerada um marcador de gravidade.

Trauma cranioencefálico; coagulação sangüínea; criança; adolescente


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