Tratamento precoce melhora o prognóstico urodinâmico na disfunção miccional de origem neurogênica: 20 anos de experiência<sup>,</sup>

Monteiro, Lucia M. Costa; Cruz, Glaura O.; Fontes, Juliana M.; Vieira, Eliane T.R.C.; Santos, Eloá N.; Araújo, Grace F.; Ramos, Eloane G.

doi:10.1016/j.jped.2016.11.010

Acessibilidade / Reportar erro

Brasil

Español English

sumário « anterior atual seguinte »

Sumário

Artigos originais • J. Pediatr. (Rio J.) 93 (4) • Jul-Aug 2017 • https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.11.010 copiar

Tratamento precoce melhora o prognóstico urodinâmico na disfunção miccional de origem neurogênica: 20 anos de experiência^☆ ☆ Como citar este artigo: Monteiro LM, Cruz GO, Fontes JM, Vieira ET, Santos EN, Araújo GF, et al. Early treatment improves urodynamic prognosis in neurogenic voiding dysfunction: 20 years of experience. J Pediatr (Rio J). 2017;93:420-7. ^,^☆☆ ☆☆ Trabalho vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo:

Avaliar a associação entre tratamento precoce e melhoria urodinâmica em pacientes pediátricos e adolescentes portadores de bexiga neurogênica.

Metodologia:

Estudo observacional longitudinal retrospectivo (entre 1990-2013) em pacientes com bexiga neurogênica e mielomeningocele tratados com base no diagnóstico urodinâmico. Avaliamos a evolução urodinâmica (complacência, capacidade e pressão vesical) e consideramos primeira melhoria urodinâmica em até dois anos como variável desfecho e encaminhamento precoce (primeira urodinâmica até um ano de vida) como exposição. Foi feita análise descritiva e multivariada com modelo de regressão logística.

Resultados:

Entre 230 pacientes incluídos 52% foram encaminhados precocemente. A maioria tinha bexiga hiperativa com pressão maior do que 40 cmH₂O, complacência abaixo de 3 ml/cmH₂O e foi tratada com oxibutinina e cateterismo intermitente. Na evolução urodinâmica, 68% apresentou melhoria já no segundo exame com redução da pressão e aumento da capacidade e da complacência vesical. O percentual de incontinência e infecção urinária diminuiu ao longo do tratamento. O encaminhamento precoce aumentou 3,5 vezes a probabilidade de melhoria urodinâmica até dois anos em relação aos encaminhados após o primeiro ano de idade (CI95% 1,81-6,77).

Conclusão:

Tratar no primeiro ano de vida melhora o prognóstico urodinâmico de pacientes com bexiga neurogênica, triplica a probabilidade de melhoria urodinâmica em até dois anos. A atuação do neonatologista e do pediatra, ao reconhecer e encaminhar o paciente precocemente para o diagnóstico, é extremamente importante.

PALAVRAS-CHAVE
Incontinência urinária; Bexiga neurogênica; Urodinâmica; Tratamento; Insuficiência renal; Seguimento

Variável	N (%)	Melhoria < 2 anos	Risco relativo bruto	p-valor^a a Testes qui-quadrado.
Características gerais
Sexo				0,271
F	123 (53%)	67,5%	-
M	107 (47%)	59,8%	0,89
Encaminhamento precoce				< 0,001
Não	111 (48%)	48,6%	-
Sim	119 (52%)	78,2%	1,61
Número de avaliações urodinâmicas				0,394
2-3	114 (50%)	67,5%	-
4-6	92 (40%)	62,0%	0,92
7-14	24 (10%)	54,2%	0,80
Década da 1 ^a a Testes qui-quadrado. avaliação ^b b Dados faltantes: até 5%.				< 0,001
Últimos 10 anos	163 (72%)	76,7%	2,5
10 a 20 anos	62 (28%)	30,6%	-
Adesão ao tratamento ^c c Dados faltantes: até 10%.				0,061
não	106 (51%)	57,5%	-
sim	101 (49%)	70,3%	1,22

Avaliação urodinâmica
Diagnóstico urodinâmico				0,517
baixa complacência	19 (8%)	52,6%	-
bexiga hiperativa	205 (89%)	64,9%	1,23
bexiga hipoativa	6 (3%)	66,7%	1,27
Pressão vesical máxima (cmH ₂ O) ^b b Dados faltantes: até 5%.				0,007
0-40	82 (36%)	54,9%	-
41-80	91 (40%)	63,7%	1,16
>80	53 (23%)	81,1%	1,48
Pressão de perda (cmH ₂ O) ^b b Dados faltantes: até 5%.				0,112
0-40	107 (48%)	57,9%	-
41-80	78 (35%)	69,2%	1,19
> 80	39 (17%)	74,4%	1,28
Capacidade vesical máxima/esperada ^b b Dados faltantes: até 5%.				0,121
0-0,5	130 (58%)	69,2%	1,38
0,6-1	62 (28%)	62,9%	1,26
> 1	32 (14%)	50,0%	-
Complacência (ml/cmH ₂ O) ^c c Dados faltantes: até 10%.				0,002
0-1	111 (52%)	75,7%	1,43
2-3	66 (31%)	53,0%	1,03
>3	37 (17%)	51,4%	-

Tratamento indicado
Indicação de anticolinérgico ^b b Dados faltantes: até 5%.				0,004
não	34 (15%)	58,8%	-
Oxibutinina	162 (73%)	69,8%	1,19
Propantelina	25 (11%)	36,0%	0,61
Indicação de cateterismo intermitente ^c c Dados faltantes: até 10%.				0,667
não	119 (56%)	62,2%	-
sim	94 (44%)	66,0%	1,06
Antibiótico tratamento ^c c Dados faltantes: até 10%.				0,631
não	155 (73%)	65,2%	-
sim	57 (27%)	61,4%	0,94
Antibiótico profilático ^b b Dados faltantes: até 5%.				0,171
não	67 (30%)	56,7%	-
sim	154 (70%)	66,9%	1,18

Sintomas relacionados à bexiga neurogênica
Incontinência urinária diurna ^d d Dados faltantes: até 15%.				1,000
não	8 (4%)	62,5%	-
sim	193 (96%)	66,3%	1,06
Incontinência urinária noturna ^d d Dados faltantes: até 15%.				0,514
não	11 (6%)	54,5%	-
sim	187 (94%)	66,8%	1,23
Infecção do trato urinário ^e e Dados faltantes: 22%.				0,214
não	134 (74%)	67,2%	-
sim	46 (26%)	56,5%	0,84

	Coeficiente estimado	Erro padrão	Risco relativo ajustado	Intervalo de confiança 95%
(Intercepto)	-1,98	0,43	0,14	0,06	0,32^a a p-valor < 0,05 (Teste de Wald).
Encaminhamento nos últimos 10 anos	2,05	0,37	7,76	3,75	16,08^a a p-valor < 0,05 (Teste de Wald).
Encaminhamento precoce	1,25	0,34	3,50	1,81	6,77^a a p-valor < 0,05 (Teste de Wald).
Pressão vesical 40-80 cmH₂O	0,56	0,36	1,76	0,86	3,59
Pressão vesical > 80 cmH₂O	1,60	0,49	4,98	1,89	13,09^a a p-valor < 0,05 (Teste de Wald).

UDY	N	Melhoria em relação ao exame anterior	Bexiga compensada	Pressão vesical < = 40cmH₂O	Pressão de perda < = 40 cmH₂O	Capacidade vesical (mediana)	Complac. vesical ml/cmH₂O (mediana)	Anos entre avaliações urodinâmicas (mediana)
1	230	-	0%	35,7%	46,5%	0,44	1,0	-
2	230	68%	14%	40,9%	52,6%	0,68	2,2	1,1
3	167	60%	20%	47,9%	57,5%	0,67	3,0	1,3
4	117	52%	29%	54,7%	64,1%	0,59	4,2	1,4
5	75	64%	28%	52%	62,7%	0,59	3,9	1,4
6	48	56%	31%	52,1%	64,6%	0,55	5,2	1,4

UDY	Incontinência urinária diurna	Incontinência urinária noturna	Infecção do trato urinário
1	84%	81%	81%
2	82%	80%	80%
3	75%	73%	73%
4	66%	68%	68%
5	77%	72%	72%
6	75%	67%	67%

Sociedade Brasileira de Pediatria Av. Carlos Gomes, 328 cj. 304, 90480-000 Porto Alegre RS Brazil, Tel.: +55 51 3328-9520 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: jped@jped.com.br

Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS

[1] * Autor para correspondência. E-mails:lucia@fiocruz.br, lucia@iff.fiocruz.br, luciacostamonteiro@gmail.com (L.M. Costa Monteiro).

UDY	Incontinência urinária diurna	Incontinência urinária noturna	Infecção do trato urinário
1	84%	81%	81%
2	82%	80%	80%
3	75%	73%	73%
4	66%	68%	68%
5	77%	72%	72%
6	75%	67%	67%

UDY	Incontinência urinária diurna	Incontinência urinária noturna	Infecção do trato urinário
1	84%	81%	81%
2	82%	80%	80%
3	75%	73%	73%
4	66%	68%	68%
5	77%	72%	72%
6	75%	67%	67%

UDY	Incontinência urinária diurna	Incontinência urinária noturna	Infecção do trato urinário
1	84%	81%	81%
2	82%	80%	80%
3	75%	73%	73%
4	66%	68%	68%
5	77%	72%	72%
6	75%	67%	67%