Resumo
Objetivo:
Identificar os fatores de risco para progressão da DRC em crianças do Brasil e avaliar as interações entre os fatores.
Métodos:
Coorte prospectiva multicêntrica em São Paulo, envolvendo 209 crianças com DRC em estágios 3-4. O desfecho do estudo incluiu: a) óbito, b) início da terapia de substituição renal, c) redução de > 50% na taxa estimada de filtração glomerular (eGFR) durante o acompanhamento. Foram testados 13 fatores de risco com o modelo de regressão univariada seguido do modelo de regressão multivariado de Cox. Os termos de interação entre as variáveis mostraram associação significativa e foram introduzidos ao modelo.
Resultados:
Após média de acompanhamento de 2,5 anos (IIQ = 1,4 a 3,0), 44 casos (21%) apresentaram desfecho: 22 iniciaram diálise, 12 apresentaram redução de > 50% na eGFR, sete foram submetidos a transplante e três morreram. Estágio avançado de DRC no acometimento (RR = 2,16, IC = 1,14-4,09), proteinúria nefrótica (RR = 2,89, IC = 1,49-5,62), idade (RR - 1,10, IC = 1,01-1,17), escore Z da pressão arterial sistólica (RR = 1,36, IC = 1,08-1,70) e anemia (RR = 2,60, IC - 1,41-4,77) foram associados ao resultado. Foi detectada interação entre anemia e proteinúria nefrótica na primeira visita (V1) (RR = 0,25, IC = 0,06-1,00).
Conclusões:
Como a primeira coorte de DRC no hemisfério sul, este estudo é concordante com os principais fatores relatados em países desenvolvidos com relação à progressão da DRC, afirmando o possível papel dos tratamentos para mostrar a evolução da DRC. A interação detectada sugere que a anemia pode ser mais nociva na progressão da DRC em pacientes sem proteinúria e deve ser ainda mais estudada.
PALAVRAS-CHAVE
Doença renal crônica; Epidemiologia; Fatores de risco; Cuidado progressivo do paciente; Pediatria