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A INVENÇÃO CAPUCHINHA DO SELVAGEM NA ÉPOCA MODERNA * * Texto da conferência que proferi na ocasião do concurso para professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em setembro de 2015. Para esta publicação, foram adicionadas notas explicativas, de cunho bibliográfico, mantendo-se, de modo geral, a estrutura original da narrativa, voltada necessariamente para os resultados mais relevantes das pesquisas realizadas e publicadas durante a minha carreira. A estes somei novas perspectivas, de modo a sustentar as proposições feitas aqui em torno da “invenção do selvagem”, na França das primeiras décadas do século XVII.

THE CAPUCHIN INVENTION OF THE SAVAGE IN MODERN ERA

Resumo

Da experiência colonial francesa no Maranhão do início do século XVII, a França Equinocial, resultou a publicação de duas importantes narrativas pelos missionários capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux. Esse corpus de obras francesas é marcado por transcrições em língua tupi, em particular de arengas de chefes indígenas. O índio tupinambá que surge dotado de fala nessas narrativas missionárias é também fruto de uma “herança” do relato do calvinista Jean de Léry, ao qual se atribui, legitimamente, a “invenção do selvagem”. Por sua vez, muito longe do pessimismo dogmático do huguenote sobre as possibilidades de conversão dos índios, marcado de primitivismo, a escrita missionária dos capuchinhos também contribuiu, utopicamente, para a “invenção do selvagem” na França, no interior da experiência mística que suas descrições encenam.

Palavras-Chave:
relatos missionários seiscentistas; capuchinos franceses; representação do selvagem; índios tupinambá

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