RESUMO
OBJETIVO
Verificar se existe associação entre qualidade da dieta e inserção das mulheres no mercado de trabalho e se o nível de escolaridade modificaria essa associação; analisar as diferenças segundo escolaridade; e avaliar se a inserção ou não no mercado modifica a associação entre qualidade da dieta e escolaridade.
MÉTODOS
Trata-se de estudo transversal de base populacional, que utilizou dados do Inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp 2008). A alimentação de 464 mulheres, de 18 a 64 anos, foi avaliada por meio do Índice de Qualidade da Dieta Revisado. Foram estimadas as médias do escore total e dos componentes do índice com o uso de regressão linear simples e múltipla.
RESULTADOS
Nenhuma diferença foi observada entre qualidade da dieta de donas de casa e trabalhadoras remuneradas. A análise estratificada por escolaridade mostrou menor ingestão de frutas entre as donas de casa no segmento de pior escolaridade, em comparação às trabalhadoras remuneradas. Entre as mulheres, a menor escolaridade esteve associada à pior qualidade global da dieta e à maior ingestão de sódio e menor ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais, leite e gordura saturada. Em contraste, a inserção no mercado de trabalho modificou o efeito da escolaridade sobre a qualidade da dieta. No estrato de donas de casa, a baixa escolaridade foi associada à pior qualidade da dieta e ao menor consumo de frutas, vegetais verde-escuros e alaranjados e grãos integrais. Entre as trabalhadoras remuneradas, a baixa escolaridade mostrou-se associada à ingestão maior de sódio e menor de vegetais, cereais integrais e leite e laticínios.
CONCLUSÕES
Os resultados expõem iniquidades no perfil alimentar em relação à escolaridade e à inserção no mercado de trabalho, sinalizando a relevância de políticas públicas que ampliem o acesso à educação e à orientação sobre dieta saudável.
DESCRITORES
Mulheres; Mulheres Trabalhadoras; Fatores Socioeconômicos; Dieta Saudável; Desigualdades em Saúde; Inquéritos sobre Dietas