Fundamento:
Estudos sobre fibrilação atrial (FA) na insuficiência cardíaca descompensada (ICD) são muito escassos no Brasil.
Objetivos:
Determinar a prevalência, os tipos e os fatores associados à FA em pacientes hospitalizados por ICD; analisar perfil de risco embólico e taxa de anticoagulação; e avaliar o impacto da FA na mortalidade hospitalar e no tempo de internação.
Métodos:
Estudo seccional de casos incidentes, retrospectivo, observacional. Analisaram-se 659 internações consecutivas por ICD entre 01/01/2006 a 31/12/2011. Risco embólico foi avaliado pelo acrônimo CHADSVASc. Na análise univariada, foram utilizados o qui-quadrado, teste t de Student ou Mann Whitney. Na análise multivariada, utilizou-se a regressão logística.
Resultados:
A prevalência de FA foi de 40%, predominando o tipo permanente (73,5%). No modelo multivariado, a FA se associou à idade avançada (p < 0,0001), etiologia não isquêmica (p = 0,02), disfunção ventricular direita (VD) (p = 0,03), menor pressão arterial sistólica (PAS) (p = 0,02), maior fração de ejeção (FE) (p < 0,0001) e aumento atrial esquerdo (AE) (p < 0,0001). A mediana do CHADSVASc foi quatro e 90% tinham escore ≥ 2. A taxa de anticoagulação foi de 52,8% na admissão e 66,8% na alta, sendo menor em escores mais elevados. O grupo com FA apresentou maior mortalidade hospitalar (11,0% versus 8,1%, p = 0,21) e internação mais prolongada (20,5 ± 16 versus 16,3 ± 12, p = 0,001).
Conclusões:
A FA é frequente na ICD, predominando o tipo permanente. Associa-se com idade avançada, etiologia não isquêmica, disfunção de VD, menor PAS, maior FE e aumento AE. O perfil de risco embólico é elevado e a anticoagulação é subutilizada. A FA está associada a internações mais prolongadas e mortalidade mais elevada.
Fibrilação Atrial; Insuficiência Cardíaca; Disfunção Ventricular Esquerda; Pacientes Internados; Mortalidade Hospitalar