Resumo
Fundamentos:
A cirurgia cardíaca evoluiu progressivamente com o aumento da complexidade dos pacientes.
Objetivo:
Avaliar a utilização de recursos e o custo real segundo o grupo de risco dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, e compará-los com o valor ressarcido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Método:
Foram analisadas todas as cirurgias cardíacas realizadas entre janeiro e julho de 2013 em um centro terciário. Dados demográficos e clínicos permitiram o cálculo do valor ressarcido pelo SUS. Os pacientes foram estratificados em baixo, médio e alto risco pelo EuroSCORE. Os resultados clínicos, o uso de recursos e os custos (real versus SUS) foram comparados entre os grupos de risco estabelecidos.
Resultados:
Taxas de mortalidade pós-operatória de baixo, intermediário e alto risco apresentaram correlação linear positiva (EuroSCORE: 3,8%, 10% e 25%, respectivamente; p < 0,0001), assim como a ocorrência de alguma complicação pós-operatória (EuroSCORE: 13,7%, 20,7% e 30,8%, respectivamente; p = 0,006). O tempo de internação aumentou de 20,9 para 24,8 e 29,2 dias, respectivamente (p < 0,001). O custo real foi paralelo ao aumento da utilização de recursos, segundo o EuroSCORE (R$ 27.116,00 ± R$13.928,00 versus R$ 34.854,00 ± R$ 27.814,00 versus R$ 43.234,00 ± R$ 26.009,00, respectivamente; p < 0,001). O ressarcimento do SUS também aumentou (R$ 14.306,00 ± R$ 4.571,00 versus R$ 16.217,00 ± R$ 7.298,00 versus R$ 19.548,00 ± R$ 935,00; p < 0,001). Mesmo com aumento do EuroSCORE, houve diferença (p < 0,0001) progressiva entre o incremento do custo real e o ressarcimento do SUS.
Conclusão:
O aumento do EuroSCORE esteve relacionado a maiores morbimortalidade, tempo de internação e custos no pós-operatório. Embora o ressarcimento do SUS também aumente conforme o risco, ele não é proporcional ao custo real.
Palavras-chave
Procedimentos Cirúrgicos Cardíacos / economia; Custos Hospitalares; Sistema Único de Saúde (SUS); Grupos de Risco; Cuidados Pré-Operatórios; Mortalidade Hospitalar; Morbidade