Resumo
Fundamento:
A associação de disfunção tireoidiana subclínica (DST) com arritmias cardíacas permanece controversa, particularmente na população não idosa.
Objetivo:
Investigar se a DST está associada a arritmias cardíacas em uma coorte de adultos de meia-idade e idosos.
Métodos:
Dados da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, ELSA-Brasil (35-74 anos) foram coletados de 2008 a 2010. Após exclusão de hipo e hipertireoidismo clínicos, os participantes foram categorizados como eutireoidismo (TSH = 0,4 a 4,0 µU/mL), hipotireoidismo subclínico (TSH > 4,0 µU/mL; T4L = 0,8-1,9 ng/dL) e hipertireoidismo subclínico (TSH <0,4 µU/mL; T4L = 0,8 a 1,9 ng/dL). As prevalências de taquicardia (Frequência cardíaca [FC] > 100) e bradicardia (FC < 60), fibrilação atrial/flutter, distúrbios de condução, extrassístoles, baixa voltagem do QRS, intervalos QT prolongados e ritmo supraventricular persistente foram comparadas entre os grupos após ajuste por idade, sexo, comorbidades, estilo de vida, índice de massa corporal e uso de medicamentos.
Resultados:
Foram analisados os dados da FC de 13.341 participantes (52% do sexo feminino; idade média de 51 anos) e das leituras de 11.795 ECG; 698 participantes (5,23%) foram classificados como hipotireoidismo subclínico, 193 (1,45%) como hipertireoidismo subclínico e 12.450 (93,32%) como eutireoidismo. A prevalência de distúrbios de ritmo e condução foi semelhante, assim como as médias de FC, mesmo nos subgrupos com TSH < 0,01 UI/mL ou > 10,0 UI/mL ou em idosos. Distúrbios de condução foram menos prevalentes em idosos com hipotireoidismo subclínico (OR ajustado = 0,44; IC95% 0,24-0,80).
Conclusão:
Neste grande estudo multicêntrico e transversal, a DST não foi associada a arritmias cardíacas, mas uma avaliação longitudinal é necessária.
Palavras-chave:
Doenças da Glândula Tireoide/complicações; Processos Patológicos; Tireotropina (TSH); Arritmias Cardíacas; Adultos