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SOBRE A DETERMINAÇÃO CONTEXTUAL DO QUE É DITO

RESUMO

Duas versões contemporâneas do contextualismo radical em filosofia da linguagem, uma defendida por François Recanati e outra por Charles Travis, centram sua crítica à distinção tradicional entre semântica e pragmática na categoria de dito (what is said), tal como descrita por Paul Grice. Ambas as versões se contrapõem à ideia de que o que é dito é determinado plenamente pelo significado convencional da sentença proferida acrescido da fixação do valor de elementos indexicais. Ambas sustentam, a partir desta crítica, que uma enunciação não necessariamente expressa um conteúdo proposicional associado ao significado literal da sentença. Neste artigo, busco mostrar que a partilha desta tese negativa geral esconde divergências importantes. Centrando minha análise na reformulação feita por Recanati da categoria de what is said, busco mostrar como ela se organiza a partir da preservação e radicalização de princípios essenciais da pragmática griceana, bem como da ideia de que elementos subsentencias possuem um conteúdo proposicional mínimo atrelado à sua significação. Em seguida, busco apontar como a negação total da pragmática griceana e deste mínimo proposicional por Travis não apenas revela uma divergência profunda em relação a Recanati, mas gera problemas para a tentativa de reestruturação da noção de what is said.

Palavras-chave
o que é dito; conteúdo proposicional; intenção; contextualismo radical

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