Resumo:
Introdução:
Apesar de a atenção primária à saúde (APS) ser essencial para a formação médica, as percepções dos profissionais das equipes de saúde da família (eSF) sobre o processo ensino-aprendizagem foram pouco estudadas, em particular em municípios nos quais o modelo de gestão da APS é indireto, como na cidade de São Paulo. O objetivo deste estudo foi analisar as percepções de profissionais das eSF sobre as barreiras e os facilitadores do processo ensino-aprendizagem dos estudantes de medicina na APS, no município de São Paulo.
Método:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturada com 12 profissionais das eSF (quatro médicos, quatro enfermeiros e quatro agentes comunitários de saúde), que atuavam em unidades básicas de saúde (UBSs) localizadas na zona leste do município de São Paulo e que recebiam estudantes de Medicina do primeiro ano ao internato. As entrevistas foram gravadas e transcritas, lidas e relidas, sendo identificadas unidades de significado de acordo com os pressupostos da análise de conteúdo.
Resultados:
Os entrevistados destacaram as seguintes barreiras relacionados ao processo ensino-aprendizagem na APS: 1. excesso de pacientes agendados e escassez de tempo para discussão do caso com os estudantes; 2. inadequada estrutura física do serviço de saúde; 3. falta de preparação dos profissionais; e 4. falta de articulação ensino-serviço-comunidade. Os aspectos reconhecidos como fatores facilitadores do processo ensino-aprendizagem foram: 1. qualificação do serviço de saúde e da equipe; 2. integração com a eSF e com equipe multiprofissional; e 3. preparação dos preceptores médicos.
Conclusões:
Os resultados têm implicações para os profissionais da APS, as instituições de ensino superior e os gestores da saúde da APS estudados. O aprimoramento das relações e articulações entre as instituições de ensino, os gestores dos serviços de saúde, os profissionais de saúde e a comunidade é condição necessária para efetivar o processo ensino-aprendizagem e garantir o desenvolvimento de competências para a qualidade do cuidado na APS. Assim, o preparo dos profissionais de saúde, a adequação do espaço físico da UBS, a reflexão sobre o agendamento e estratégias para garantir tempo para discussão do caso e espaço para feedback podem contribuir para mitigar as barreiras ao processo ensino-aprendizagem na APS.
Palavras-chave:
Educação Médica; Atenção Primária à Saúde; Aprendizagem; Pessoal de Saúde; Agentes Comunitários de Saúde; Pesquisa Qualitativa