RESUMO
Objetivo:
a primeira ressecção pancreática robótica no Brasil foi realizada por nossa equipe em 2008. Desde março de 2018, uma nova política nos levou a empregar sistematicamente o robô em todas cirurgias pancreáticas minimamente invasivas. O objetivo deste artigo é revisar nossa experiência com a ressecção pancreática robótica.
Métodos:
todos os pacientes submetidos a ressecção pancreática robótica de 2018 a 2019 foram incluídos. Variáveis pré- e intraoperatórias como idade, sexo, indicação, tempo cirúrgico, sangramento, diagnóstico, tamanho do tumor foram analisados.
Resultados:
105 pacientes foram submetidos a pancreatectomia robótica. A idade mediana dos pacientes foi de 60,5 anos. 55 pacientes eram do sexo feminino. 51 pacientes foram submetidos a pancreatoduodenectomia, 34 pancreatectomia distal. A morbidade foi de 23,8% e ocorreu um óbito (mortalidade de 0,9%). Três pacientes (2,8%) tiveram a operação convertida para aberta. Quatro pacientes apresentaram retardo no esvaziamento gástrico e dois apresentaram sangramento. Vinte e quatro pacientes apresentaram fístula pancreática tratada de forma conservadora com remoção tardia do dreno pancreático. Nenhum paciente necessitou de drenagem percutânea, reintervenção ou readmissão hospitalar.
Conclusões:
a plataforma robótica é útil para a reconstrução do trato alimentar após pancreatoduodenectomia ou após pancreatectomia central. Pode aumentar a preservação do baço durante pancreatectomias distais. Técnicas poupadoras de pâncreas, como enucleação, ressecção de processo uncinado e pancreatectomia central, devem ser usadas para evitar insuficiência exócrina e/ou endócrina. A ressecção robótica do pâncreas é segura e viável para pacientes selecionados. Deve ser realizada em centros especializados por cirurgiões com experiência em cirurgia pancreática aberta e minimamente invasiva.
Palavras chave:
Pâncreas; Cirurgia Minimamente Invasiva; Procedimentos Cirúrgicos Robóticos; Revisão
A. Visão intraoperatória após pancreatoduodenectomia com linfadenectomia e exposição adequada da artéria mesentérica superior (SMA).
B. Visão intraoperatória após pancreatectomia total. As setas mostram a ligadura da artéria e veia esplênica.
C. Visão geral após pancreatectomia distal com preservação dos vasos esplênicos e baço.
D. Visão geral após pancreatectomia distal com esplenectomia para doença maligna. As setas mostram a ligadura da artéria e veia esplênica.
A. Plano posterior evertido é feito incluindo o parênquima posterior pancreático e a seromuscular jejunal usando pontos separados de prolene 4-0.
B. A anastomose ducto-mucosa é realizada com sutura PDS 5-0 sem stent interno.
C.Vista intraoperatória após a conclusão da anastomose ducto-mucosa.
D. Anastomose é completada com pontos separados anteriores com prolene 4-0.
A. Hepaticojejunostomia término-lateral é realizada usando sutura absorvível contínua.
B. Visão intraoperatória após a conclusão da hepaticojejunostomia.
C. Vista intraoperatória da duodenojejunostomia. Plano total é mostrado.
D. Visão intraoperatória após a realização da duodenojejunostomia.
A. Ultrassom intraoperatório é realizado para localizar o tumor e avaliar sua distância do ducto pancreático principal e das estruturas vasculares adjacentes.
B. Vista intraoperatória de um tumor neuroendócrino pancreático passível de enucleação.
C. Visão intraoperatória de uma enucleação. A enucleação é geralmente realizada com baixa energia bipolar e hemostasia obtida com compressão.
D. Visão geral após enucleação robótica de um TNE pancreático.