Resumo
Em um Centro Social Católico, os jovens bem-sucedidos no processo de inclusão social eram incentivados a oferecer um testemunho de sua trajetória de vida para os outros jovens excluídos. Tal prática era fundamentada na pedagogia de Paulo Freire e visava demonstrar o protagonismo e o “empoderamento” dos jovens. O presente artigo visa explorar uma série de imbricamentos dessa prática do testemunho, mostrando como ele é, ao mesmo tempo, cristão e secular, informativo e performativo, individual e relacional. Concluo que a eficácia do testemunho depende desses imbricamentos, visíveis em sua historicidade (da pedagogia de Freire ao uso contemporâneo) e na sua temporalidade relacional (o passado do narrador é projetado no futuro da audiência), evidenciando a secularidade católica brasileira.
Palavras-chave
testemunho; catolicismo; secularidade; inclusão social; Paulo Freire