Resumo
Introdução:
No Brasil, glomerulopatias são a terceira causa de doença renal crônica terminal, responsáveis por 11% dos pacientes em diálise. Entretanto, estudos sobre a prevalência desta patologia no nordeste do Brasil são escassos.
Objetivo:
O objetivo foi descrever os achados das biópsias e analisar comparativamente a apresentação clínico laboratorial entre as glomerulopatias primárias (GP) e as glomerulopatias secundárias (GS).
Métodos:
Estudo retrospectivo, realizado em dois hospitais públicos de ensino do estado de Pernambuco, nordeste do Brasil.
Resultados:
Foram avaliadas 1.151 biópsias, de 1998 a 2016. A amostra foi composta por 670 biópsias de rins nativos, após exclusão de patologias extra glomerulares e materiais inadequados. GP foram mais frequentes do que GS (58% × 42%). Dentre as GP, houve predomínio de glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF). Glomerulonefrite membranoproliferativa e glomerulopatia colapsante foram responsáveis por 9% e 3% das GP, respectivamente. Das GS, as etiologias principais foram nefrite lúpica (67%) e infecciosas (10%). Sexo feminino, hematúria e nível elevado de creatinina estiveram relacionadas a uma maior chance de GS na análise multivariada. Síndrome nefrótica foi mais comum dentre as GP, já anormalidades urinárias e síndrome nefrítica prevaleceram nos pacientes com GS.
Conclusões:
Este é o primeiro registro de glomerulopatias do nordeste do Brasil. Demonstrou-se também uma análise comparativa das principais alterações clínico laboratoriais das GP e GS, com classificações atualizadas das doenças glomerulares.
Palavras-chave:
epidemiologia; glomerulonefrite; glomérulos renais; patologia