RESUMO
Introdução:
Doença renal crônica (DRC) é fator de risco independente para vários desfechos desfavoráveis, incluindo doença cardiovascular (DCV), particularmente em idosos, o segmento de crescimento mais rápido da população com doença renal terminal (DRT). Portugal tem a maior incidência europeia não-ajustada e a maior prevalência de DRT. Neste artigo caracterizamos uma coorte de idosos com DRC, referenciados para a nefrologia, com particular ênfase para o risco e carga de doença cardiovascular.
Métodos:
Foram incluídos todos os pacientes com DRC com 65 anos ou mais encaminhados ao nosso departamento em 2012. Os dados basais incluíram: demografia, estágio da DRC, medicação e comorbidades. A taxa de filtração glomerular (TFGe) foi calculada pela fórmula CKD-EPI.
Resultados:
Metade dos 416 pacientes incluídos foram encaminhados por médicos da atenção primária; sua idade era 77 ± 7 anos; 52% eram homens; a TFGe mediana era de 32 mL /min/1,73 m2. Metade tinha diabetes (DM), 85% dislipidemia, 96% hipertensão; 26% eram fumantes atuais/ antigos; 24% tinham índice de massa corporal > 30 kg/m2. A prevalência de DCV foi de 62%, sendo maior entre pacientes nos estágios 4-5; em diabéticos, aumentou gradualmente com a progressão da DRC (estágio 3a < estágio 3b < estágio 4-5) (39%, 58%, 82%; p < 0,001).
Conclusões:
A coorte de idosos com DRC apresentava inicialmente maior carga de DCV. A prevalência de DCV foi maior que em outras coortes europeias com DRC. Níveis menores de TFGe foram associados a carga maior de DCV e foram mais pronunciados entre diabéticos, destacando a importância de objetivar estrategicamente a redução do risco cardiovascular nesses pacientes.
Palavras-chave:
Insuficiência Renal Crônica; Doenças Cardiovasculares; Idoso