Resumo
A Lesão Renal Aguda (LRA), cuja etiologia mais frequente é sepse, tem incidência de 5-6% na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Objetivo:
Avaliar pacientes que permaneceram mais de 48 horas na UTI e desenvolveram LRA ou Doença Renal Crônica agudizada (DRCag) e/ou sepse; identificar fatores associados e causas que possam afetar a evolução desses pacientes.
Método:
Estudo prospectivo, observacional, coorte e quantitativo dos pacientes em UTI entre maio a dezembro de 2013 com sepse e LRA. Excluídos pacientes < 48 horas e/ou dialíticos prévios.
Resultados:
Dos 1156 pacientes admitidos, 302 foram incluídos e divididos em grupos: sem sepse e sem LRA (SSSLRA), apenas sepse (S), LRA séptica (LRAs), LRA não séptica (LRAns), DRCag séptica (DRCags), DRCag não séptica (DRCagns). Foi verificado que 94% apresentaram algum grau de lesão renal; Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO) 3 foi predominante nos grupos sépticos (p = 0.018); o nefrologista foi chamado apenas em 23% dos pacientes não sépticos vs. 54% dos sépticos (p < 0.001); houve necessidade de diálise em 8% dos não sépticos vs. 37% dos sépticos (p < 0.001); necessidade de Ventilação Mecânica (VM) em 61% da LRAns versus 90% na LRAs (p < 0.001). A mortalidade foi 38% e 39% na LRAs e DRCags vs. 16% e 0% na LRAns e DRCagns, respectivamente (p < 0.001).
Conclusão:
LRAs e DRCags têm pior prognóstico que a não séptica. O nefrologista ainda não é solicitado em grande parte dos casos com influência direta na mortalidade (p < 0.001), o débito urinário é consideravelmente prejudicado; o tempo de permanência na UTI, necessidade de VM e mortalidade são maiores quando há associação da sepse e LRA.
Palavras-chave:
Lesão Renal Aguda; Insuficiência Renal Crônica; Sepse; Nefrologia; Balanço Hídrico; Mortalidade