Este artigo analisa três novelas de juventude escritas por Fiódor Dostoiévski: Pobre gente, O duplo e Coração frágil. O texto tem dois objetivos fundamentais: primeiro, recusar a tese de que o autor russo, proverbial analista da alma humana, teria se despreocupado com os condicionantes sociais da ação dos seus personagens; em segundo lugar, pretende-se defender que a sociedade se faz presente nesses escritos por meio de uma "intuição sociológica" que Dostoiévski opera quando analisa os baixos funcionários da Rússia do século XIX. O texto está dividido em três partes: na primeira, descrevo a estrutura estatal da sociedade russa no século XIX; na segunda, apresento a descrição das condições de vida dos personagens e, por fim, analiso a forma pela qual o autor russo apresenta as interações sociais em que eles estão inseridos.
Dostoiévski; novelas; burocracia russa; intuição sociológica