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O caso da destruição das pinturas murais da sede da Fazenda Rialto, Bananal

Este artigo trata dos murais artísticos oitocentistas da sede da Fazenda Rialto, em Bananal, destruídos em 1996, que constituíam um dos mais importantes conjuntos de pinturas ambientais de temática profana produzidos no Estado de São Paulo no período correspondente ao primeiro ciclo da cultura do café. Atribuídas oralmente ao pintor José Maria Villaronga y Panella, dessas pinturas restaram apenas algumas fotografias e centenas de fragmentos, de impossível reassemblagem. Estudando-se os fragmentos de pintura da Rialto como documento material primário, o trabalho apresentado tem como principal objetivo a identificação das características artísticas e tecnoexecutivas de três conjuntos de murais tributados a um mesmo pintor. Para reconhecimento objetivo dos fazeres artístico-artesanais do período e discussão da atribuição de autoria exclusiva, adotou-se uma metodologia que combina exames laboratoriais e pesquisa histórica das técnicas artísticas. Os sistemas analíticos adotados para esse fim foram: exame com radiação ultravioleta e infravermelha, microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva (EDS) para análise química elementar. Discutem-se também questões relativas aos limites da ação preservacionista oficial brasileira sobre essa categoria de obra artística, refletindo sobre o desenvolvimento e as mudanças das noções de historicidade relativas à preservação dos bens do passado e suas implicações metodológicas nos conceitos de conservação e restauro.

Patrimônio cultural; Pintura mural; Arqueometria; Restauração; Fazenda Rialto; José Maria Villaronga y Panella


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