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Migração makonde, produção de esculturas e mercado de arte no Tanganyika: a questão do estilo Shetani (1950-60) 1 1 Este artigo integra pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós Graduação em História Social da USP, sob orientação da Profa. Dra. Cristina Cortez Wissenbach, e com apoio da FAPESP. Uma versão deste trabalho foi apresentada no IV Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, no Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro), entre 25 e 28 de outubro de 2016.

RESUMO

O presente artigo incide sobre parte da minha pesquisa de doutorado que teve como foco a produção de arte makonde em diálogo com a história política de Moçambique entre 1950 e 1974. A investigação de caráter interdisciplinar envolveu fontes de naturezas diversas, como a documentação produzida no período colonial, assim como uma bibliografia acessada em diferentes acervos de Lisboa e na Biblioteca do Museu Etnológico de Berlim, além de relatos orais coletados em Moçambique entre 2012 e 2014. Essas fontes orais foram produzidas, especialmente, em entrevistas e conversas com escultores, os quais denominam suas respectivas peças como arte makonde. O presente texto discute o contexto de produção de um estilo de escultura específico conhecido como shetani, que foi criado no território vizinho do Tanganyika (atual Tanzânia), no final da década de 1950, por Samaki Likonkoa, artista makonde de Moçambique. Analiso aqui a referida produção no âmbito da vivência migratória internacional dos makonde de Moçambique para o Tanganyika, motivada pela busca por melhores condições de trabalho e de vida. O caso da produção desse tipo de escultura ilustra, aqui, a circulação de pessoas, objetos e conhecimento entre o sul e o norte do rio Rovuma no contexto colonial português das décadas de 1950 e 1960.

PALAVRAS-CHAVE:
Arte makonde; Shetani; Mercado de arte; Moçambique colonial; Tanganyika

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