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Transtorno da expressão emocional involuntária

Involuntary emotional expression disorder

CONTEXTO: O transtorno da expressão emocional involuntária (involuntary emotional expression disorder ou IEED) consiste em um transtorno do afeto, caracterizado por uma dificuldade em controlar a expressão emocional, que se apresenta por episódios breves e estereotipados de riso e/ou choro incontroláveis. Pode estar relacionado a diversas patologias encefálicas, em variadas localizações anatômicas. OBJETIVOS: Revisar aspectos clínicos, epidemiológicos e fisiopatológicos envolvidos no transtorno da expressão emocional involuntária e apresentar as opções atuais e futuras na abordagem terapêutica. MÉTODOS: Pesquisa de base de dados MEDLINE/PUBMED e LILACS utilizando os termos transtorno da expressão emocional involuntária, afeto pseudobulbar, riso e choro patológicos, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica. RESULTADOS: No trantorno da expressão emocional involuntária, as crises de choro e/ou riso, além de serem incontroláveis, tendem a ser desproporcionais ao estímulo recebido, podendo estar completamente dissociada do estado de humor do paciente ou mesmo ser contraditória ao contexto no qual o estímulo está inserido. Outros termos são usados na nosografia desse transtorno, como afeto pseudobulbar, riso e choro patológicos, labilidade emocional, emocionalismo e desregulação emocional. Termos como choro forçado, choro involuntário, emocionalidade patológica e incontinência emocional também têm sido utilizados com menor freqüência. Os mecanismos fisiopatológicos específicos envolvidos nesse transtorno ainda não estão bem esclarecidos. Lesões que podem causá-lo estão amplamente distribuídas no encéfalo, mas parecem envolver o lobo frontal, o sistema límbico, o tronco cerebral e o cerebelo, assim como a substância branca que interconecta essa rede. Seu principal diagnóstico diferencial é a depressão. As terapias farmacológicas hoje disponíveis se baseiam em inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), antidepressivos tricíclicos e, em menor extensão, em drogas dopaminérgicas. O composto AVP-923 está sendo estudado como um possível tratamento específico. CONCLUSÃO: Apesar de ser conhecido há séculos, ainda que sob diferentes nomenclaturas, o IEED permanece subdiagnosticado e, considerando a possibilidade dos efeitos deletérios desse transtorno no funcionamento social, ocupacional e familiar do paciente acometido, seu reconhecimento e conduta adequados são decisivos para possibilitar uma melhoria na qualidade de vida do paciente.

Transtorno da expressão emocional involuntária; afeto pseudobulbar; riso e choro patológicos; acidente vascular cerebral; doeça de Azheimer; esclerose múltipla; esclerose lateral amiotrófica


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