Este artigo analisa um fenômeno em plena expansão - o crescimento de sentimentos aparentemente conservadores entre grupos desprivilegiados. Um excelente exemplo desse tipo de fatos é o apoio estratégico a políticas neoliberais e neoconservadoras por parte de um grupo ativista afro-americano chamado de Black Alliance for Educational Options (BAEO - Aliança Negra para Opções Educativas). No cerne do meu estudo está uma preocupação com tudo o que está em jogo, para nós, caso formas direitistas de multiculturalismo consigam redefinir qual conhecimento e o conhecimento de quem tem mais valor e o que nossas políticas sociais e educacionais deveriam fazer. Afirmo que independentemente da posição de cada um quanto à sensatez das ações estratégicas da BAEO, este caso como um todo fornece um exemplo crucial da política de desarticulação e rearticulação e da maneira como movimentos sociais e alianças se formam e re-formam a partir das condições ideológicas e materiais da vida cotidiana, e das políticas de reapropriação discursiva. Assim, uma análise desses movimentos é importante tanto em termos do equilíbrio das forças envolvidas em reformas educacionais específicas, como também em termos de questões mais gerais a respeito dos processos de ação e transformação sociais. Entender grupos como a BAEO de modo crítico embora compreensivo pode nos ajudar a evitar o essencialismo e o reducionismo que invadem os trabalhos sociológicos críticos sobre o papel das lutas contra as políticas do estado. Isto pode fornecer uma visão mais matizada dos atores sociais e das possibilidades e limites de alianças estratégicas num tempo de modernização conservadora.
Políticas de educação; Cheques-educação; Neoliberalismo; Raça