Estudos em laboratório com Leucochrysa (Leucochrysa) varia (Schneider, 1851), predador comum nas florestas Amazônica e Atlântica do Brasil, revelaram algumas características atípicas para crisopídeos de regiões tropicais: 1) seu ciclo de vida (ovo à emergência do adulto) é relativamente longo, entre 48 (24ºC) e 80 dias (18ºC); 2) temperaturas acima de 27ºC não são apropriadas para seu desenvolvimento, já que nenhum espécime atingiu o estágio adulto a 27 e 30ºC e só se observou relação linear entre taxa de desenvolvimento e temperatura, para todos os estágios, entre 18 e 24ºC; 3) os limiares térmicos inferiores, entre 7 e 10ºC, dependendo do estágio, são relativamente baixos; 4) apesar das larvas de L.varia serem carregadoras de lixo, elas despendem pouco de seu tempo (20% ou menos) carregando detritos para seu dorso, proporção esta que aparentemente não interfere no seu tempo de desenvolvimento. Estes resultados sugerem que as larvas de L.varia provavelmente exploram micro-hábitats na floresta com temperaturas bem abaixo daquelas observadas fora dela e a grande parte do tempo que elas permanecem sem se mexer sugere que a imobilidade é uma importante estratégia de defesa, juntamente com a camuflagem.
Bicho-lixeiro; ciclo de vida; efeito da temperatura; Leucochrysini; sobrevivência