Este artigo analisa a relação entre o ser social e o tempo histórico em cinco canções compostas por Chico Buarque de Hollanda durante os anos 70, em plena vigência do regime militar no Brasil. Nossa perspectiva é a de que a obra deste compositor revela uma singular articulação entre aquelas duas categorias, expressando várias formas de consciência crítica em relação à experiência da opressão e do esvaziamento do espaço público. Procuramos demonstrar, a partir dos exemplos musicais propostos, que Chico Buarque fez da relação tensa entre ser e tempo num contexto autoritário, a base de sua matéria poética e, desta forma, imprimiu um sentido político sui-generis para a sua obra, indo além dos limites da canção de protesto tradicional.
MPB; Chico Buarque; música e política; regime militar; aspectos culturais