RESUMO
O presente artigo pretende analisar a ambivalência dos usos da literatura presentes em três jornais francófonos brasileiros do século XIX, Le Courrier du Brésil, France-Brésil e Le Messager de São Paulo. Tais publicações, além de cobrir boa parte da chamada “Era de Ouro” da imprensa francófona no Brasil, também estão ligadas a dois dos principais centros dessa produção (Rio de Janeiro e São Paulo). Essa análise parte da constatação de que esse corpus, devido à sua peculiaridade enquanto objeto cultural, já tem provocado reflexões teóricas mais amplas. No caso dos usos da literatura em particular, defendemos a ideia de que a ambivalência característica desses jornais - uma produção simultaneamente estrangeira e local - nos permite dialogar ou reavaliar de forma produtiva conceitos fundamentais nos estudos literários comparativos como as noções de influência ou de transferência. A dupla identidade da literatura nesse corpus tende a resistir e desafiar tais instrumentos teóricos tradicionalmente invocados para entender as relações interculturais. Diante dessa resistência e desse desafio, podemos revisitar, através dos exemplos desses três jornais, a importância do estudo desses jornais e reinterpretar o papel da literatura neles impressa.
Palavras-chave
Literatura; Imprensa francófona; História Literária; Literatura comparada