Resumo
O general granadino Francisco de Paula Santander registra em diário sua experiência de viajante-exilado em vários países da Europa e nos Estados Unidos, entre os anos de 1829 e 1832. Tomando como fonte preferencial esse diário e, secundariamente, as memórias - uma delas produzida concomitantemente -, examinamos os significados discursivos atribuídos à viagem. Esta era um recurso para o refinamento pessoal, mas também um aprendizado político e administrativo. Ambos os significados compreendem seu esforço em retomar o prestígio público e recontar a história de sua trajetória, maculada pela acusação de traidor e pelo exílio que se seguiu. A narrativa ordinária demonstra que Santander não pode ser enquadrado como um viajante comum; foi ele um exilado, mais do que um viajante. Essa distinção subjetiva entre viajante e exilado nos conduziu a refletir sobre três questões essenciais: a modelagem da escritura, a subjetividade do escrevente e a estratégia narrativa, assentada na descrição como meio de alcançar uma (sempre pretensa) neutralidade textual.
Palavras-chave
Santander; diário; memórias; exilado; viajante