Este artigo trata das representações da cidade de São Paulo feitas pelo jornal O Estado de S. Paulo em 1910, e da censura à imprensa, através de um Relatório de Justiça, por esta divulgar casos de suicídios no estilo de fait divers, na passagem do século XIX para o XX. Partimos da hipótese de que a postura do relator fazia parte de uma extensa ação disciplinadora de controle da cidade, à qual a imprensa não escapava. Tal ação disciplinadora estava pautada pelas teorias racistas e deterministas de matriz européia e articulava diversas instâncias do poder. Aplicadas de modo particular ao contexto brasileiro em razão do passado escravista, a tentativa de ordenamento da cidade agrega o racismo de cor ao de classe, redimensionado no novo contexto republicano.
Imprensa; Fait divers; Cidade