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Violência apaziguada: escravidão e cultivo do café nas fotografias de Marc Ferrez (1882-1885)1 1 Esta pesquisa recebeu apoio do edital Jovem Cientista do Nosso Estado Faperj e Ciências Humanas do CNPq. Agradeço a Instituto Moreira Salles, à Biblioteca Nacional, ao Museu Paulista e ao Museu Histórico Nacional a cessão gratuita das imagens veiculadas neste artigo.

RESUMO

O artigo analisa a série visual composta por 65 fotografias das fazendas de café do Vale do Paraíba produzidas por Marc Ferrez entre 1882 e 1885. Por meio do estudo de seus circuitos sociais percebe-se que o discurso visual composto por elas valorizava os complexos cafeeiros como espaços modernos de produção e silenciava as marcas da escravização dos indivíduos registrados. Mediante escolhas técnicas, culturais e sociais, construiu-se no espaço de figuração da foto uma “escravidão apaziguada”, protegida dos conflitos sociais, das ideias abolicionistas e das resistências escravas. Dessa forma, as imagens de Marc Ferrez cumpriram fortemente a função política de formar e conformar uma dada memória sobre a escravidão que, ao pacificar aquele mundo extremamente violento, interessava diretamente à classe senhorial do Império.

Palavras-chave:
escravidão; fotografia; Vale do Paraíba

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