Durante dois anos foi feito um estudo ecológico sobre os flebotomíneos em foco de leishmaniose cutânea em Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro. As capturas (isca humana, paredes e armadilha luminosa) foram efetuadas, simultaneamente, em três sítios de coleta: domicílio, peridomicílio e floresta. Foram capturados 10.172 flebotomíneos, de 17 espécies, sendo 3 do gênero Brumptomyia e 14 do gênero Lutzomyia. A espécie mais prevalente a 100m do nível do mar é L. intermedia, seguida de longe por L. migonei e L. fischeri. A espécie mais endófila e que apresenta um certo ecletismo quanto ao local de hematofagia é L. fischeri, enquanto L. intermedia e L. migonei provaram ser mais exofílicas. L. intermedia pode ser incriminada como o principal vetor potencial do agente de leishmaniose tegumentar, pela sua prevalência, antropofilia e por ser comprovada a veiculação da Leishmania (Viannia) braziliensis em outras áreas do Estado do Rio de Janeiro. L. fischeri, pela avidez com que pica o homem, pode ser um coadjuvante na transmissão do parasita. Sua predominância na floresta sugere participação da transmissão em seu ciclo enzoótico natural. A presença de L. longipalpis é um risco potencial de veiculação do agente etiológico da leishmaniose visceral nessa região, particularmente pela baixa imunidade da população local.
Lutzomyia; Flebotomíneos; Epidemiologia; Ecologia; Leishmaniose Tegumentar