Com base em experiências prévias de dois projetos de pesquisa sobre esquistossomose em populações rurais, o artigo debate as relações entre o saber sanitário e o senso comum sanitário em comunidades agrícolas. O artigo refere-se a fatores que interferem com a noção de participação destes grupos em programas exógenos, bem como com a apropriação, validação e aplicabilidades das múltiplas informações científicas em oferta em tais programas. A multiplicidade de informações que aportam no nível local, como uma das facetas marcantes da globalização, agrega de forma acrítica conhecimentos científicos descontextualizados, aumentando a sensação de incerteza nas comunidades e a tendência a se atribuir um caráter aleatório às doenças. Por outro lado, o consumo de tecnologias médicas é bastante valorizado e compreendido como símbolo inequívoco de progresso. Discute-se a importância da atitude dos profissionais da saúde como aliados na valorização do senso comum e da experiência empírica das populações rurais, que beneficiem a incorporação do saber técnico de utilidade pública sem prejuízo do patrimônio cultural que está na base da identidade e da saúde destes grupos.
População Rural; Comunicação em Saúde; Percepção Pública da Ciência