O artigo analisa o processo de formulação, legitimação e implementação de uma política de recorte racial no âmbito da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O trabalho compreende a emergência do tema no interior da organização internacional, a dinâmica institucional em torno da questão e as propostas centradas na população negra na América Latina. Essas são abordadas com base nas interações estabelecidas entre a OPAS e um conjunto de agências intergovernamentais e organizações privadas com atuação relevante no domínio da saúde internacional. O envolvimento da OPAS com a temática étnico-racial fornece elementos para entendimento do duplo papel desempenhado por organizações intergovernamentais no novo cenário global: como atores sociais e arenas. Como ator social importante no campo da saúde internacional, a OPAS produziu e disseminou valores e enunciados prescritivos relacionados com a temática étnico-racial. Como arena, a organização mostrou-se permeável a interesses de origens variadas, com sua burocracia interna procurando movimentar-se em sintonia com os mesmos.
Organização Pan-Americana da Saúde; Agências Internacionais; Cooperação Internacional; Grupos Étnicos