Foram caracterizados estudos epidemiológicos que avaliaram a relação entre discriminação interpessoal e condições de saúde mental, atualizando revisões prévias sobre o tema. Identificaram-se 34 artigos publicados entre 2000 e 2010 no PubMed, dos quais 68% utilizaram amostras de conveniência e 82% o delineamento transversal. Observaram-se associações positivas e estatisticamente significativas entre discriminação e condições adversas de saúde mental, especialmente uso de substâncias, depressão e transtornos associados ao uso de álcool. Somente um terço dos estudos explicitou um referencial teórico para interpretar as relações examinadas. Similarmente às revisões anteriores, pode-se afirmar que as experiências discriminatórias se associam positiva e consistentemente com desfechos adversos de saúde mental. Entretanto, investigações futuras deverão empregar delineamentos mais robustos para a inferência causal, utilizar instrumentos de discriminação com boas propriedades psicométricas e adotar referencial teórico específico para interpretar os resultados produzidos.
Preconceito; Saúde Mental; Causalidade; Estudos Epidemiológicos