O objetivo deste trabalho foi compreender os significados das práticas preventivas do câncer do colo do útero entre mulheres de bairros populares de Salvador, Bahia, Brasil. Trata-se de estudo qualitativo, baseado na análise de conteúdo de entrevistas semiestruturadas com 15 mulheres entre 24 e 68 anos. Os resultados evidenciam alta valorização do Papanicolaou, que é realizado como parte de exames de rotina, sem, no entanto, sustentar-se no conhecimento biomédico sobre as suas funções. Além da acessibilidade aos serviços de saúde e da qualidade destes, outros fatores interferem na forma como essas mulheres significam a prevenção do câncer do colo do útero. Valores morais associados à sexualidade e ao gênero interferem na percepção de risco, na adoção de práticas preventivas e na interpretação dos resultados da citologia cervical. A realização continuada do Papanicolaou faz parte da construção da feminilidade, que é associada com maturidade e responsabilidade pessoal pelo cuidado de si em um contexto de medicalização do corpo feminino.
Prevenção de Câncer de Colo Uterino; Identidade de Gênero; Sexualidade