Resumo:
Este estudo teve por objetivo compreender como trabalhadores metalúrgicos vivenciam a incapacidade prolongada para o trabalho por lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) e o impacto do adoecimento crônico na construção/desconstrução da masculinidade. Foi realizado um estudo qualitativo baseado em entrevistas narrativas com homens metalúrgicos de um complexo automotivo no Estado da Bahia, Brasil. Os resultados revelaram como o conflito da experiência de adoecimento, a tentativa de manutenção da identidade masculina, bem como as expectativas de cumprir as regras ditadas pela masculinidade hegemônica são vivenciadas e significadas no cotidiano. A experiência de adoecimento dos metalúrgicos com LER/DORT se expressa na incapacitação para o trabalho, desconstrução da autoimagem, perda da identidade coletiva, desconstrução do self e interdição do futuro. Conclui-se que a masculinidade hegemônica expõe os homens a mais riscos em saúde, cumpre papel mediador do adoecimento no trabalho, altera trajetórias de cuidado e explica a resistência dos homens em procurar ajuda.
Palavras-chave:
Transtornos Traumáticos Cumulativos; Identidade de Gênero; Masculinidade; Saúde do Trabalhador; Pesquisa Qualitativa