Este estudo descreve os padrões fenológicos de duas espécies simpátricas, Psychotria nuda e P. brasiliensis, comparando-as quanto à fenologia e à distribuição espacial e relacionando os eventos fenológicos a fatores abióticos (pluviosidade, temperatura e fotoperíodo) e bióticos (freqüência de polinizadores e de frugívoros). O estudo foi realizado entre agosto/1998 e julho/1999 em uma área de Floresta Atlântica pouco perturbada antropicamente, na Ilha Grande, RJ. Foram feitas observações mensais das fenofases, dos visitantes florais e dos consumidores de frutos de ambas as espécies estudadas. A emissão foliar de P. nuda e de P. brasiliensis ocorreu de novembro/1998 a maio/1999, havendo correlação positiva significativa desta fenofase com o fotoperíodo, com a pluviosidade média (normais climatológicas) e com a temperatura média (normais climatológicas) para ambas as espécies. O período de floração ocorreu entre março e junho/1999 para P. nuda e entre abril e julho/1999 para P. brasiliensis. As flores das duas espécies de Psychotria foram visitadas principalmente por uma espécie de beija-flor, Thalurania glaucopis, cujos machos foram os visitantes florais mais comuns em P. nuda com 47,2% (n=682) das visitas, e as fêmeas em P. brasiliensis com 85,1% (n=1869) das visitas. As duas espécies vegetais floresceram no mesmo período, compartilharam as mesmas espécies de polinizadores, mas não necessariamente devem competir por este recurso, rejeitando-se, portanto, a hipótese do compartilhamento do polinizador. O período de frutificação ocorreu ao longo de todo o ano para as duas espécies. A espécie de ave Lipaugus lanioides (Cotingidae) foi o consumidor de frutos mais freqüente em P. brasiliensis. Ambas as espécies de plantas estudadas tiveram padrão de distribuição espacial do tipo agregado e foi evidenciada reprodução vegetativa para um indivíduo de P. nuda. Este estudo sugere que ambas as espécies de Psychotria são importantes recursos para espécies de aves de Floresta Atlântica.
Psychotria; fenologia; distribuição espacial; Mata Atlântica; Brasil