RACIONAL:
Devido à complexidade e riscos, a ressecção e reconstrução do eixo mesentérico-portal durante pancreatectomia até o início dos anos noventa não era recomendada. Entretanto, com o aprimoramento técnico e redução da morbimortalidade ela tem sido indicada de forma rotineira nos grandes centros.
OBJETIVO:
Demostrar os resultados de uma série de casos submetida à ressecção do eixo mesentérico-portal durante a pancreatectomia.
MÉTODO:
Foram avaliados prospectivamente e consecutivamente pacientes submetidos à ressecção do eixo mesentérico-portal durante pancreatectomias. A indicação do procedimento baseou-se em critérios anatômicos definidos por exames de imagem ou por avaliação intra-operatória.
RESULTADOS:
Foram incluídos 10 pacientes, metade do sexo masculino, com idade média de 55,7 anos (40-76). As doenças de base mais frequentes foram o adenocarcinoma de pâncreas e o tumor de Frantz. O tipo de ressecção e reconstrução vascular mais realizado foi respectivamente a ressecção circunferencial da veia porta associada à veia mesentérica superior com ligadura da veia esplênica (4 casos=40%) e a anastomose primária dos cotos vasculares (5 casos=50%). O tempo operatório variou entre 480 e 600 minutos (média=556 minutos) e o tempo de internação pós-operatória variou de 9 a 114 dias (média=34,8 dias). A morbidade foi de 60%, sendo a fístula pancreática clínica (grau B e C) a complicação mais frequente (3 casos=30%). A mortalidade foi de 10% (um caso).
CONCLUSÃO:
A ressecção do eixo mesentérico-portal é artifício técnico válido. Deve ser considerada após consideração que contemple não apenas as condições clínicas dos pacientes, as condições técnicas e anatômicas da infiltração tumoral do eixo mesentérico-portal, mais também, e de forma não menos importante, a expectativa de sobrevida com base no prognóstico oncológico do paciente.
Procedimentos cirúrgicos vasculares; Duodenopancreatectomia; Neoplasias pancreáticas