Procura-se mostrar como concepções de tempo, aprendizagem e saber, próprias do candomblé, são constitutivas da cultura africana de povos que instituíram no Brasil a religião dos orixás. A idéia de vida e morte, nascimento e reencarnação, assim como o culto aos antepassados e aos orixás, tal como concebidos em solo africano, reproduziram-se no Brasil em conformidade com aquelas concepções. Com a transformação do candomblé em religião não mais restrita a afro-descendentes e sua propagação por todo o país, congregando agora adeptos inseridos num mundo de trabalho e de aprendizado controlado pelo tempo capitalista, as concepções ocidentais vão minando os conceitos africanos de tempo e, especialmente, de saber, alterando-se princípios iniciáticos e de constituição da autoridade, da hierarquia e do poder religioso nos terreiros, com mudanças profundas na religião.
Tempo e religião; Tempo e hierarquia religiosa; Tempo e iniciação; Tempo nas religiões afro-brasileiras