A cultura ocidental moderna articula-se em torno da tensão entre um universalismo primordial e o seu constante contraponto romântico. O espírito científico é uma das manifestações fundamentais da disposição universalista, tendo cabido ao espírito romântico criticá-lo e modulá-lo em sentidos e direções inicialmente insuspeitados. A emergência das "ciências humanas" (originalmente concebidas sob a forma das Geisteswissenschaften ou "ciências do espírito") foi um dos resultados dessa tensão, impondo uma concepção de realidade e de conhecimento muito diferente da que tinha prevalecido na orientação universalista originária. Os temas da "diferença", da "totalidade", da "singularidade", do "fluxo", da "pulsão", da "experiência" e da "compreensão" instigaram ou desafiaram todos os grandes pais fundadores das ciências humanas - com resultados muito diversos - e continuam a operar na dinâmica do campo, seja como argumento instaurador de toda pesquisa antropológica, seja como veículo das especulações ditas "pós-modernas". O presente artigo trata da sua explicitação e esclarecimento.
Romantismo; Ciências Humanas; Universalismo; Individualismo; Pós-Modernismo