Tematizando a relação religião e espaço público, esse artigo analisa operações discursivas de agentes religiosos em defesa de um protagonismo imprescindível das instituições e crenças religiosas em projetos públicos especificamente no trabalho social. A comparação de entrevistas com líderes pentecostais e da Renovação Carismática Católica identifica como a crescente fluência na gramática secular dessa liderança, historicamente a menos intelectualizada dentre as cristãs, a habilita a criticar o discurso moderno a partir de dentro. Focando nos limites da prática médica científica e do discurso racional na promoção humana, em geral, e especialmente na recuperação de dependentes químicos, os líderes defendem a maior competência da religião na realização nesse trabalho social e de saúde pública. O texto sugere ainda que pesquisas empíricas, como a descrita, são espaços, dentre outros, que fomentam a construção de articulações entre falas religiosas e seculares.
Pentecostalismo; Renovação Carismática Católica; Ação social; Esfera pública; Liderança religiosa