O artigo compara o texto de Raízes do Brasil, publicado por Sérgio Buarque de Holanda em 1936, com a segunda (1948) e a terceira edições (1956), revistas pelo autor. As modificações alteraram substancialmente pontos centrais do ensaio. Do texto anterior a essas metamorfoses emerge a defesa de um Estado forte, de traços oligárquicos, eventualmente autoritário, que deve se compor com o emocionalismo que marca o caráter nacional brasileiro “em contraponto” – imagem que sugere linhas musicais independentes, mas em harmonia. O artigo defende que o “estatismo orgânico” prescrito por Holanda está mais próximo dos autores autoritários dos anos de 1930 do que do pioneirismo democrático usualmente atribuído à obra. No entanto, diferencia-se deles por subordinar o protagonismo do Estado às características mais essenciais da sociedade.
Raízes do Brasil; Sérgio Buarque de Holanda; Pensamento político brasileiro; Pensamento autoritário; Organicismo