Este trabalho advém de experiência etnográfica na cidade de Tabatinga (AM), tríplice fronteira de Brasil, Peru e Colômbia. Interessa-nos compreender como “o Estado” e “a fronteira” se emaranham, são construídos e apropriados por redes locais afetivas, econômicas, sexuais e familiares, levando em consideração uma perspectiva teórica de gênero. A partir da trama de afetos de uma tríade de personagens que colocam em cena uma forma ordinária de governo, propomos uma análise diacrônica de governamentalidades masculinas espetaculares, que atualizam certo mito-conceito de fronteira. Esse caminho nos conduz à análise da ampliação da participação das mulheres, e da vida social de políticas públicas que mobilizam a categoria mulher, situacionalmente associada à região fronteiriça. Por fim, rumamos a uma reconceitualização de fronteira por uma perspectiva relacional e processual, na qual gênero, como elaboração performativa e interseccional, tem lugar central.
Antropologia; Estado; Governamentalidade; Amazônia