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Crueldade: a face inesperada da violência difusa* * Parte das ideias discutidas neste artigo foi delineada durante o cooper diário e as andanças pelas praias que Irlys e eu fizemos durante o último mês, dando ares de "leveza" ao tema durante nossas férias. Registro esta partilha das discussões, sobretudo aquelas referentes às explicações da psicanálise.

Objetiva contribuir para uma reflexão sobre o problema da crueldade no contexto brasileiro contemporâneo, registrando práticas delituosas radicais, envolvendo o corpo de vítimas, que não possuem explicações evidentes, condensando usos peculiares e irracionais da violência. O tema tratado em outros campos do conhecimento - arte, psicanálise -, nos quais se encontram várias formulações e reflexões, é um desafio para os propósitos sociológicos. Com base em usos nativos do termo crueldade, o escrito verifica o modo como esta é considerada nos meios de comunicação coletiva, no senso comum e no campo jurídico. Na violência difusa, a crueldade parece exprimir práticas vindas de variadas ordens explicativas, nas quais se inscrevem tanto as marcas individuais de agentes como a repetição de tragédias ou reações inesperadas que fazem parte da história da humanidade. Em síntese, o artigo articula crueldade e violência difusa, verificando algumas categorias simbólicas que caracterizam reações inesperadas de ilícitos penais ocorrentes fora de uma situação de equivalência social. Mais do que concluir sobre as causas da ocorrência do fenômeno da crueldade, o ensaio abre a possibilidade de constituição de uma agenda de pesquisa.

crueldade; violência difusa; crime; meios de comunicação coletiva; corpo


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