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Phenix: a ousadia do renascimento da subjetividade cidadã

Phoenix: boldness in the rebirth of citizen subjectivy

Este é um projeto de Pesquisa-intervenção vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM). Enquanto projeto de Pesquisa-intervenção (Thiollent, 1981 e Brandão, 1981 e 1984) pressupõe a práxis como o lócus da produção do conhecimento e critério de verdade. A população com a qual interagimos é atendida pelo Núcleo Social Papa João XXIII, localizado na periferia de Maringá/PR/Brasil. A nossa inserção neste agrupamento humano está sustentada na premissa-denúncia de Martín-Baró (1987 e 1989) de que vivemos sobre o "império da desvalorização da vida humana", forjado pelo autoritarismo socioeconômico do capitalismo e da sociedade de consumo de massas por ele engendrada (Caniato, 1997; Martin & Schumann, 1999 e Beinstein, 1999). Seus reflexos excludentes são escamoteados pelos discursos demagógicos e ideológicos dos regimes políticos democráticos atuais. Partimos dos ensinamentos de Theodor Adorno (1965) em A Personalidade Autoritária de que tendências preconceituosas, nem sempre conscientizadas pelos indivíduos, dão sustentação subjetiva a formas de organização conduzentes à barbárie. Trilhando pelos estudos de Adorno, em especial agrupados em suas obras Dialética do Esclarecimento... (1985) e Educação e Emancipação (1995) - interagimos desde outubro de 2000 com a população do Núcleo Social, atravessando com eles o sofrimento psicossocial decorrente da banalização da violência (Arendt, 2000), e da injustiça (Dejours, 1999) sociais e de certas formas de inserção social marcadas pelo fatalismo e pela alienação psicossocial (Martín-Baró, 1987 e Chauí, 1993). A coordenação e os acadêmicos do Curso de Psicologia da UEM participantes deste projeto interagem, semanalmente, com a população do Núcleo Social, levantando questões-demanda que vêm estando vinculadas, principalmente, a sua situação de excluídos. Estas questões são estudadas teoricamente pelos integrantes do projeto e voltam a ser discutidas com a população, não se perdendo de vista a análise contextual e das condições concretas de vida daqueles indivíduos sob as quais estas demandas de compreensão emergiram. Nesta oportunidade é ampliado o conhecimento que nós-eles obtivéramos anteriormente e, assim, ocorre sucessivamente em novos encontros. Pudemos constatar nesta convivência com este grupo, a imersão destes indivíduos nos valores imputados pela sociedade de massa e até certa resistência em estar exercendo a verdadeira cidadania. Como a "consciência do povo daqui é o medo dos homens de lá...", é somente a partir do desenvolvimento da consciência crítica, principalmente, das denominadas "populações de risco" que haverá a ação transformadora da realidade psicossocial (Martín-Baró, 1987).

Pesquisa-intervenção; exclusão social; consciência crítica; subjetividade cidadã


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