A noção de que vivemos em tempos de adolescência generalizada coloca em questão tanto o que diz respeito a formas contemporâneas do laço social quanto o conceito de adolescência em psicanálise para interpretá-las. As novas configurações produzem o empobrecimento do espaço público como sítio de construção de experiências. Destacamos como um dos efeitos de tal empobrecimento a disseminação do "discurso capitalista", que não promove o laço social, ao contrário, promove uma ilusão de completude ao nivelar sujeito e objeto. Essa espécie de curto-circuito produzido pelas práticas da cultura leva também à idealização do lugar da adolescência como tempo sublime da existência, a ser eternizado, e que resulta em um paradoxo de difícil solução por parte do jovem para atravessá-lo. Se todos querem eternizar o lugar da juventude, quem vai ocupar o lugar do adulto na relação com os adolescentes?
adolescência; laço social; experiência; tempo; discurso capitalista